Emerson Souza, Guarani - editor de Tvindígena Brasil atualizado, 29/09/2023.
Eu não tiraria uma palavra sequer, quando fui entrevistado por Vanessa Ramos, para o jornal o Estado de São Paulo. As coisas pioraram muito para os professores e neste sentido pioraram para o ensino público. As políticas neoliberais do maior Estado do país "São Paulo" e a incessante perseguição e criminalização dos educadores se intensificaram nos últimos anos.
Tenho 12 anos de EE Jardim Wilma Flor, na periferia de São Paulo, sou o único professor indígena, concursado e titular de cargo da maior rede pública do Brasil. Não vejo isso nem um pouco como algo bom, o fato de ser o único professor titular de cargo indígena na maior rede publica do Brasil nestas condições, me faz parte pensar que sou parte do processo histórico, os indigenas foram isolados nas suas histórias de origem, os indígenas não existem nos livros e falas de muitas escolas.
Sendo assim, a Covid19, que trouxe um retorno tenebroso para as escolas, trouxe também o medo dos professores no retorno e diante de mil e umas ações e inquietações da sociedade brasileira.
Retornamos apenas com uma certeza, as aulas seriam presenciais, mas como seriam as aulas presenciais em um ambiente pós covid? Encontramos escolas e salas de aula com os rostos de sempre, muitos deles abandonados pelo Estado, muitos deles com a certeza do retorno, mas sem a certeza de uma boa escola.
A matéria de o Estado de São Paulo, demonstra e dialoga muito com a realidade dos professores. Dialoga com o que penso e qual o ambiente da escola para os professores. Por, Bruno Pavan e Vanessa Ramos
"Emerson de Oliveira Souza é professor de Sociologia de uma escola estadual no distrito de Cidade Tiradentes, a 42 quilômetros do centro da capital paulista. A região tem quase 230 mil habitantes. Doutorando na Universidade de São Paulo e dos pouquíssimos professores indígenas [etnia Guarani Nhandeva] da periferia da cidade, ele destaca a sobrecarga de trabalho, o estresse e a falta de recursos para aulas remotas entre os principais problemas enfrentados na pandemia".
“Este período faz pensar o quanto a escola e o modelo de aulas presenciais é importante na vida dos alunos. Talvez a maior dificuldade tenha sido a desigualdade social marcada pela distância que escolas, alunos e professores ainda têm das questões tecnológicas”, afirma Emerson. E acrescenta a falta de estrutura adequada e de incentivo aos professores que se desdobraram na jornada de trabalho. “Além de trabalhar em casa, trabalhamos em horários diversos, até aos finais de semana, tanto atendendo alunos quanto em busca daqueles que perderam contato com escolas que foram fechadas.”
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